O técnico Vítor Pereira reconheceu que o Corinthians não estava 100% focado nos inícios dos dois tempos contra o Fluminense, na noite desta quarta-feira, no Maracanã, na ida das semifinais da Copa do Brasil. No entanto, o treinador enalteceu o espírito de equipe na busca pelo empate por 2 a 2, que deixou os dois clubes com as mesmas chances para a partida de volta, que acontecerá na Neo Química Arena, em setembro.
“É um fato que nesse tipo de jogo é preciso entrar muito focado desde o primeiro segundo. Esse tipo de jogo é, muitas vezes, em um erro, em uma má marcação, e nós, de fato, nos dois gols, não tivemos a competência que deveríamos. O que quero ressaltar é nossa capacidade de vir aqui, com tanta gente contra, contra uma equipe com um padrão difícil de controlar, e por duas vezes, em desvantagens logo no início, tivemos a capacidade para reagir e ir a procura do empate, conseguimos empatar em 2 a 2. Descansar agora, perceber muito bem o que temos que corrigir e nos prepararmos para sermos mais fortes em casa”, iniciou o treinador na coletiva de imprensa, no estádio carioca.
Perguntado sobre se encontrou sua formação titular – a escalação foi a mesma que goleou o Atlético-GO nas quartas de final -, VP voltou a defender o rodízio de atletas e cravou: se em Fortaleza, no último final de ano, não tivesse poupado jogadores, o resultado nesta noite teria sido diferente.
“O time-base, na minha opinião, só é possível quando o espaço entre os jogos permite, porque repetir jogadores… Se eles tivessem ido a Fortaleza com essa equipe, tenho certeza absoluta que não tínhamos capacidade de responder ao Fluminense, nenhuma (chance). Fizemos duas viagens, ontem uma terceira, mais curta, e chegamos de madrugada, não dá para recuperar. As pessoas se iludem um pouco que é possível jogar de três em três dias. Com essa intensidade não é possível, tendo a consciência de que temos vários jogadores acima dos 30 anos. Não teríamos empate hoje. Quando se vai a Fortaleza, claro que com jogadores que não estão ligados porque chegaram há pouco tempo, com mistura, eu continuo a dizer que gostei muito do jogo que fizemos lá. Claro que em um momento ou outro do jogo vamos falhar, mas isso é natural”, finalizou.
Depois da Copa do Brasil, o Timão volta suas atenções para o Campeonato Brasileiro. Na quarta colocação da tabela, recebe o RB Bragantino, na Neo Química Arena, na segunda-feira, às 21h30 (de Brasília).
Veja abaixo outros trechos da coletiva de Vítor Pereira:
Renato Augusto e equipe
“Tem muita qualidade, qualidade de decisão, muitas vezes é o que faz a diferença, um jogador como ele, como o Ganso, que, em fração de segundos, conseguem ler e tomar a decisão correta, ter a qualidade para fazer. Eu gostei, gostei. O Yuri também trabalhou muito, não é fácil, é um adversário que nos obriga muito o trabalho defensivo, o Róger também, o Adson também, e daí começa a falhar e nós temos que (trocar). Fomos essencialmente uma equipe com espírito. Aqueles que entraram de início, que entraram do banco, os que não entraram… Evidenciaram o que é o espírito corintiano, de união, foi isso que vi hoje”.
Avaliação do jogo e do adversário
“Ao ver os pênaltis, muitas vezes fiz isso (reação). Às vezes por isso que dou azar, viro de costas, mas o que eu gostei? Essa equipe do Fluminense tem muitas características especiais, gosta muito de atrair a pressão, depois acelerar o jogo, jogar nas entrelinhas e nas costas da nossa pressão. Mas nós não podemos jogar tão atrás, eles não podem se instalar no nosso meio-campo, e nós tivemos ali um período, na segunda parte, depois do gol, de fato, abandonamos. Fundamentalmente, acho que podemos ter mais bola, porque essa equipe do Fluminense ofensivamente é muito forte, cria problemas, mas defensivamente dá espaços ao adversário. Quando temos bola, temos que perceber, que não podemos andar essencialmente em transições, esperar o contra-ataque, apesar que pode ser importante, mas temos que ficar com a bola também, e a seguir (do segundo gol) ficamos um pouco perdidos no jogo. Mas é natural, mas depois, com o espírito dos que entraram também, com a mentalidade certa, acabamos a chegar ao empate. Corrigir o que tem para ser corrigido e melhorar”.
Mais treinos até o próximo jogo
“Eu sou um treinador que acredita no trabalho e estou aqui há um tempo a jogar sem trabalho, quase juntando um ou outro detalhe estratégico em função do adversário, e vamos para o jogo. Portanto, como sou um treinador que gosto do trabalho e que só ele corrige as coisas, tornar mais dinâmico, agressivo, isso tem que ser trabalhado, acredito que dois ou três dias a mais de treino isso vai subir o nível da equipe”.
Fagner
“Eu só posso falar do Fagner no clube, não na Seleção (Brasileira). O Tite tem as escolhas dele. O Fagner é um jogador com uma qualidade acima da média. Naturalmente, já falei isso, ele teve uma lesão grave e idêntica ao João Victor, que não foi simples, que chateia um pouco. Quando ele está com ritmo, no nível dele, sem dúvidas tem um valor muito grande. Agora, esse ritmo vai ter que ser adquirido com o próprio jogo. O primeiro gol não foi só aquilo (erro dele), poderíamos ter anulado a jogada em um primeiro momento, em um segundo momento, e o cruzamento saiu. Foi uma sucessão. Mas ele reagiu, tem caráter, soube manter a estabilidade emocional, levou o amarelo, isso é outro que condiciona muito, mas conseguiu estabilizar e ajudar a equipe”.
Espírito de equipe
“Por isso que o futebol é tão bonito, porque é completamente imprevisível. Muita gente estava a subir as escadas, inclusive do meu estafe, e já tínhamos tomado o segundo gol. Demonstramos claramente que temos caráter, que a equipe tem caráter, dos mais velhos aos mais novos, acreditam sempre. Só conseguimos chegar ao empate porque acreditamos, que era possível fazer um gol e fizemos. Parabéns aos jogadores”.